Processo de “tropicalização” da Amazon cria novas oportunidades para o varejo eletrônico brasileiro
Por Carlos Alves*
Com a recém-chegada da Amazon ao mercado de marketplace brasileiro, muito especulou-se sobre o futuro do e-commerce nacional, tendo em vista a força da companhia no setor em mercados estrangeiros. Porém, será que ela está realmente preparada para aplicar o seu modelo comercial ao Brasil, país que possui diversas particularidades em vários quesitos?
A tecnologia de ponta – um dos motivos do crescimento exponencial da empresa no exterior – precisará passar por um processo de “tropicalização” para se adequar ao Brasil, e isso demanda tempo. É natural que com o seu tamanho e tecnologia, a essa multinacional de comércio eletrônico conseguirá transformar suas ferramentas, usadas em países da Europa e nos Estados Unidos, para a realidade nacional. Porém, para isso, precisará conhecer nosso país e as particularidades do seu mercado, criando o tempo necessário para que os outros varejistas do setor consigam equilibrar a balança em relação a experiência que ela vai proporcionar aos brasileiros.
Dessa forma, semelhante ao que acontece na rua Santa Ifigênia, em São Paulo – conhecida pela grande quantidade de lojas que se especializaram na venda de artigos eletrônicos –, existe espaço para todos. Da mesma forma que as companhias precisarão atualizar o seu modelo de negócio para oferecer um serviço de maior qualidade, a Amazon precisará se adaptar as diferenças culturais do consumidor brasileiro, principalmente no que tange a questão do transporte e da logística para entregas em alguns pontos isolados ou perigosos.
No mais, o preço dinâmico, que foi uma das inovações propostas pela companhia nos EUA, já é utilizado no Brasil, criando mais oportunidades para os consumidores e comerciantes. E sua plataforma, apesar de muito boa, não é uma novidade no mercado. Diante da ameaça que a chegada dessa empresa norte-americana representava ao setor, os varejistas digitais não estão medindo esforços no investimento em estratégias de marketing para conseguir superar as expectativas da gigante do varejo eletrônico. Diferentemente do que se podia esperar, a chegada dessa multinacional não irá atrapalhar o faturamento dos varejistas nacionais nas datas importantes, como a Black Friday e o Natal, por exemplo, mas trará mais amadurecimento, oportunidades de venda e crescimento dos marketplaces brasileiros.
* Diretor de Marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e do Magazine Luiza, Carlos Alves é um dos precursores dos shoppings virtuais no país, sendo o primeiro lojista a integrar sua loja em todos os grandes players do comércio eletrônico nacional
Sobre Carlos Alves:
Formado em Engenharia da Produção pela Unifei, pós-graduado em Gestão Empresarial pela FGV e especialista em Gestão Empreendedora pela Fundação Dom Cabral, com extensão na Universidade do Canadá, Carlos Alves é proprietário da Casa América, empresa em atuação há mais de 60 anos no mercado, e também já foi Diretor de Vendas Internacionais da Whirpool, detentora das marcas Brastemp e Consul, atuando em toda América do Sul. Ele foi fundador da empresa Integracommerce, um dos principais hubs de integração de produtos com os grandes e-commerces do Brasil e que, mais tarde, foi vendida para o Magazine Luiza, um dos maiores varejistas brasileiros.
Por Barbara Acácia Cristiano – NB Press
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