Magazine Luiza, ação sobre 1.440 % em 13 meses segue queridinha dos analistas – e seu próximo mês será crucial
A Magazine Luiza passou de desacreditada para exemplo na crise – e terá uma “prova de fogo” com o balanço do quarto trimestre
1.436% de valorização desde 14 de dezembro de 2015. Uma empresa que já foi tida como “quase falida” provou ser capaz de uma reviravolta operacional. E muitos analistas apontam: a Magazine Luiza(MGLU3) pode surpreender – ainda mais – o mercado.
Em meio à recessão brasileira, vendas do Magazine Luiza avançam no trimestre
A forte recessão brasileira parece não ter afetado a companhia, que de perdedora para a crise passou a ser um dos destaques de resiliência no varejo. A ação, inclusive, faz parte da Carteira Recomendada InfoMoney em janeiro.
O próximo mês, por sinal, será de expectativa para os investidores, que receberão o balanço do 4º trimestre e de 2016 da Magazine Luiza – a ser divulgado em 20 de fevereiro, após o fechamento do mercado. O último resultado da companhia, reportado em outubro de 2016, foi marcada por uma reviravolta: dois dias antes da divulgação do balanço do 3º tri, as ações desabaram quase 30% – saindo de R$ 98 para R$ 70 – por conta da expectativa de que os resultados viriam fracos. Para dissipar os rumores, a Magazine Luiza antecipou sua divulgação de balanço de 7 de novembro para 31 de outubro de 2016, dando uma mostra de confiança. No dia seguinte, as ações subiram 31% com a atitude; o balanço trouxe um desempenho positivo e, ao final de novembro, os papéis MGLU3 já valiam mais de R$ 100.
Agora, contudo, o mercado está confiante sobre os números da companhia, ainda mais ao comparar com os seus pares no setor. Na última sexta-feira, as units da Via Varejo (VVAR11) caíram quase 5% após a prévia operacional do quarto trimestre da companhia mostrar quedas de 1,7% nas vendas físicas e de 10,4% nas vendas online no 4T16 ante igual período de 2015. Enquanto isso, a Magazine Luiza espera ter um crescimento nesses números no mesmo período, conforme disse ao jornal O Estado de S. Paulo o presidente da rede varejista, Frederico Trajano.
Trajano ainda mostrou otimismo após a tradicional liquidação batizada de “fantástica” que a empresa faz pelo 24º ano seguido na primeira sexta-feira de janeiro. Ele apontou que o faturamento foi recorde. Até às 12h30 daquela sexta, quatro horas antes do mesmo dia da liquidação de 2016, o executivo comemorava que tinha batido as metas de vendas. “As panelas de pressão e os iPhones 6 esgotaram”. A rede vendeu 160 mil panelas de pressão e mais de 500 mil celulares, de todos modelos. Em apenas um dia, a rede vendeu o equivalente a 15 dias normais, na média de todos produtos em oferta. Para alguns itens, como ventiladores e aparelhos de ar condicionado, as vendas corresponderam ao faturamento de 40 dias.
Magazine Luiza versus Via Varejo
Essa perspectiva mais positiva fez com que o Bradesco BBI reiniciasse a cobertura para as ações da Magazine Luiza com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e rebaixasse as recomendações do Bradesco BBI para o setor de varejo, que possui recomendação de Magazine Luiza para outperform e rebaixou Via Varejo para neutro. Apesar da alta bem mais expressiva que MGLU3 apresentou em relação à VVAR11 ano passado, o Bradesco BBI destaca: “acreditamos que o Magazine Luiza tem melhor estratégia que seus competidores e maior capacidade de capitalizar a recuperação da economia”, afirmou o analista Richard Cathcart.
O banco possui um preço-alvo de R$ 140 para as ações MGLU3, sendo agora a preferida do setor. Os analistas apontam que a Magazine Luiza parece ser a preferência entre os clientes. “A abordagem centrada no cliente da empresa é, em nossa opinião, a força motriz por trás do crescimento das vendas e está contribuindo para a satisfação do consumidor. A batalha por clientes é uma diretriz que, no nosso entender, a Magazine Luiza está ganhando”, aponta Catchcart.
Ao fazer uma análise das tendências de margem bruta, o analista conclui que a empresa deve ampliar a sua diferença com a Via Varejo de 0,8 ponto percentual em 2013 para 8 pontos percentuais em 2017. Já sobre a Via Varejo, o analista continua a acreditar em uma reviravolta, mas no momento a relação entre o risco e o retorno é menos atraente do que quando eles recomendaram a compra dos ativos, em março de 2016.
Ele aponta que as especulações sobre uma possível compra da Via Varejo pelas Lojas Americanas (LAME4) trazem diferentes pontos: ela seria positiva para o mercado como um todo, pois criaria um ambiente de preços mais racional, beneficiando inclusive players menores como a Magazine Luiza. Por outro lado, se não houver nenhuma oferta da Lojas Americanas, o Bradesco BBI não enxerga outros compradores.
De olho nos resultados
Em linha com isso, a equipe de análise do Santander apontou a Magazine Luiza como uma das preferidas para ganhar com a temporada de resultados trimestrais. Segundo os analistas, a companhia deve registrar forte trimestre em termos de crescimento de receita e expansão decente de margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida), enquanto a Natura terá vendas e Ebitda “fracos”.
Quem também está de olho no Magazine Luiza é o BTG Pactual, que aponta a companhia como claramente um dos highlights mais positivos no quarto trimestre, após uma mudança transformacional no modelo de negócios. Para os últimos três meses do ano, a expectativa é de um crescimento de 5,5% da receita líquida na comparação anual, acompanhada por uma alta de 5% nas vendas nas mesmas lojas convencionais e de 20% no e-commerce.
“Embora vejamos que a estratégia já está dando frutos no curto prazo, esperamos também que a Magazine Luiza continue a superar os pares do setor, por conta de uma excelente execução no POS e se beneficie do crescimento do comércio eletrônico no Brasil nos próximos anos”, afirmam os analistas. Desta forma, o rali para a empresa parece longe de acabar: e o evento-chave que pode fortalecer essa visão acontecerá em breve: o balanço do quarto trimestre de 2016, que será acompanhado com lupa pelo mercado.
Por Infomoney